segunda-feira, 26 de setembro de 2016

MARIA: MÃE DE DEUS?




Um dos símbolos máximos marianos é a visão de Maria como “mãe de Deus”. Tal simbologia também está diretamente ligada ao seu “sim”: tornando-se mãe de Jesus, Maria tornou-se mãe de Deus, e, por conseguinte, mãe da Igreja e da humanidade inteira. A função materna de Maria não se limita à concepção do menino Jesus, ela estende-se por toda a vida do Salvador e pode ser observada por meio das suas dores, momentos em que ela sofreu como mártir em prol da salvação da humanidade, como corredentora. Segundo Ligório (1987, p. 356 e 357), “Jesus é chamado Rei das dores e Rei dos mártires, porque em sua vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires. Assim também é Maria chamada com razão Rainha dos Mártires, visto ter suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores de seu filho”. As “dores de Nossa Senhora” são conhecidas e reverenciadas. Elas são sete: 1) as profecias de Simeão; 2) a fugida de Jesus para o Egito; 3) a perda de Jesus no templo; 4) o encontro com Jesus no caminho para a morte; 5) a morte de Jesus na cruz; 6) a lançada e a descida da cruz; e 7) a sepultura de Jesus. Maria não é uma simples mãe, mas uma mãe que possui intensa participação na obra do seu Filho, cooperando com Ele para a redenção do gênero humano.
            De acordo com Bernard (op. cit., p. 1223), “O tema da Theotókos realmente é tão fundamental na espiritualidade do oriente, que passar por ele em silêncio significa suprimir a parte talvez mais bela e mais expressiva de toda a iconografia mariana”. As imagens de Maria segurando o menino Jesus nos braços demonstram essa relação materna entre os dois que se pretende perpetuar no imaginário católico romano. A maternidade divina de Maria sustenta-se na natureza divina do seu filho. No ano 428 d.C., o nestorianismo levantou a afirmativa de que em Cristo havia duas naturezas completas, a humana e a divina; não uma pessoa só, mas duas. De acordo com esse pensamento, quem morreu na cruz teria sido apenas o Jesus homem, não o divino. Um discípulo de Nestório, chamado Atanásio, chegou a afirmar que Maria não deveria ser chamada “mãe de Deus”, mas “mãe de Jesus”, visto ela ser mãe apenas da porção humana de Jesus. Ele indagava sobre como uma simples criatura poderia gerar Deus.
            Com a convocação do Concílio de Éfeso, em 341 d.C., a Igreja pretendia dar uma resposta a Nestório. Em parte a teologia nestoriana está completamente equivocada, pois nega a divindade de Cristo, totalmente homem e totalmente Deus, como o creem católicos e protestantes. O Concílio de Éfeso, por meio da carta de São Cirilo de Alexandria, vem defender o Concílio de Nicéia e mantém a crença no Jesus homem e Deus, afirmando: “A diversidade das naturezas não foi eliminada pela união, mas, sim, as naturezas unidas totalizaram, para nós, um só Senhor e Filho e Cristo, mediante a inexprimível e misteriosa conjunção da divindade e da humanidade numa unidade”. Esta certeza de fé viria a sustentar outra: a maternidade divina de Maria. A carta de São Cirilo procura deixar claro que Cristo não recebeu a sua natureza divina de Maria, nem tenha necessitado de uma segunda geração depois de ter sido gerado pelo Pai, mas “foi por nós e para a nossa salvação que ele se uniu hipostaticamente à humanidade duma mulher, sendo por isso que se diz ter ele nascido segundo a carne” (SKRZYPCZAK, 2000, p. 42 e 43). Em 451 d.C., o Concílio de Calcedônia repetirá a mesma declaração de fé.
            Embora a defesa da fé na divindade de Cristo tenha sido um ponto positivo nos dos concílios, começa-se a observar a pessoa de Jesus não a partir de uma visão cristológica, mas mariológica: entende-se Maria para se entender Jesus. Por outro lado, Atanásio estava absolutamente certo – embora baseado numa crença equivocada sobre a natureza de Cristo – em afirmar que Maria era mãe apenas da porção humana de Jesus. Os próprios concílios que citamos demonstram que a divindade de Jesus não foi gerada a partir do ventre de Maria, mas já existia desde a eternidade. Não é possível afirmar que Maria é a mãe de Cristo-Deus ou de Cristo-Homem, ou de Cristo-Deus-Homem, uma vez que a existência de Jesus não se deu a partir do seu nascimento carnal. Na verdade, Ele não “nasceu”, mas se encarnou num momento histórico. Tal encarnação não contou com qualquer participação de Maria, a não ser a de carregar dentro de si Aquele que já existia desde o princípio (João 1:1-5) e que para tal nascimento fora profetizado. A Palavra de Deus nos dá diversos exemplos da existência eterna do Senhor e da sua atuação no Antigo Testamento. Por exemplo: Gênesis 6:22; 16:7-14; 18:1; 28:13; 32:24-32; Miqueias 5:2; Isaías 9:6. Além de João 8:58 e Colossenses 1:16. Nenhuma porção de Cristo foi gerada ou teve a participação de Maria para vir a existir neste mundo, visto já existir desde a eternidade.
Embora estivessem presentes desde o embrião as duas naturezas de Cristo, não se pode afirmar que Maria é a mãe de Deus. Em diversos textos da Bíblia temos a confirmação da maternidade de Maria (cf. Marcos 6:3; Mateus 1:18; Lucas 1:26-38,43; João 2:1; 19:25). A visão mariológica da qual falamos que se impõe a visão cristológica que deveríamos manter sobre Jesus força não somente a natureza de Maria (sem pecado) como o caráter do seu ministério (corredentora). Crer na maternidade divina de Maria é um dos pilares para a crença na sua imaculada conceição, visto que, segundo os teólogos católicos, um ventre maculado pelo pecado original não poderia jamais conter a Semente divina. É também um passo para a sua virgindade perpétua, visto que a totalmente imaculada Maria, mãe de Deus, não poderia jamais ter contato carnal com homem algum. Por fim, a crença na maternidade de Maria sustenta a crença na sua assunção, visto que a predileta de Deus não poderia jamais conhecer a corrupção, de modo que convinha que ela fosse assunta ao céu em corpo e alma.
            Como dissemos no início, a maternidade divina de Maria liga-a diretamente à economia da salvação, por meio das suas dores, da sua participação ativa na obra da redenção efetuada por Jesus, a começar pelo seu humilde consentimento ao nascimento do Salvador.  A forma como o Vaticano II se expressa a respeito da maternidade divina de Maria demonstra o que estamos afirmando. Na Constituição Dogmática Lumen Gentium (n. 55), no capítulo que fala sobre “A missão da bem-aventurada virgem na economia da salvação”, afirma que tanto o Antigo quanto o Novo Testamento apresentam o múnus da mãe do Salvador na economia da salvação. Ao referir-se ao Antigo Testamento como fonte da preparação para o advento do Salvador, o Concílio afirma: “Estes documentos primitivos, tais como são lidos na Igreja e entendidos à luz da revelação posterior e plena, manifestam com sempre maior nitidez a figura da mulher, Mãe do Redentor”. Além dos textos que de fato fazem alusão ao nascimento virginal do Messias (p. ex. Isaías 7:14; Miqueias 5:2,3), o Concílio acrescenta a vitória sobre a serpente, em Gênesis 3:15. O objetivo da maternidade divina de Maria é verdadeiramente embasar o seu ministério salvítico. Bem escreveu Serra (1995, p. 780): “Como lugar de encontro entre o divino e o humano, Maria não é o centro, porém é central no cristianismo”.
            Como a mariologia é de todo incoerente, podemos citar uma dessas incoerências ao referir-nos ao primeiro texto utilizado por Serra (idem, p. 776) na sua defesa do nascimento virginal de Cristo em Maria: Gálatas 4:4-6. O texto diz: “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial. E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama Abba, Pai”. A chegada do Messias cumpre a promessa da reparação da raça humana por meio do Cristo de Deus (cf. Marcos 1:15; Atos 1:7 ss.; Romanos 13:11 ss.; 1 Coríntios 10:11; 2 Coríntios 6:2 ss.; Efésios 1:10; Hebreus 1:2; 9:26; 1 Pedro 1:20). O termo “mulher” está ligado ao termo “lei” no mesmo versículo. O nascimento de Jesus é histórico e a sua vida submete-se a Lei judaica para resgatar-nos do seu poder (SHEDD). Ora, o que era a Lei senão a declaração verdadeira da pecaminosidade humana e da sua incapacidade de obedecer plenamente a Deus? No contexto bíblico Lei-Cristo, o primeiro refere-se à situação de condenação do gênero humano, pois a lei encerra tudo sob pecado (Romanos 3:9,20; 4:15; 5:21; 6:23; 1 Coríntios 15:56; Gálatas 3:13,22; Hebreus 7:19), enquanto  segundo refere-se a reparação desse erro por seu sacrifício vicário na cruz (Romanos 6:12,14,23; 7:14; 8:2,3; 10:4; 1 Coríntios 15;3; 2 Coríntios 5:21; Gálatas 3:13,24; Hebreus 9:7,26; 10:1; 1 Pedro 2:22).
            O homem nascido de mulher conota alguém nascido debaixo da lei, sujeito ao pecado. Não é este o caso de Jesus, que viveu sem pecado (cf. 1 Pedro 2:22), mas é o caso de Maria. O texto de Gálatas 4:4-6 deixa bastante clara a situação em que a humanidade se encontrava quando da encarnação de Jesus: submetida ao pecado. Nesse contexto está a mulher do qual Ele haveria de nascer, Maria, também nascida sob a Lei e sob o pecado. A ênfase do texto não está na maternidade de Maria, mas na situação histórica em que Jesus veio ao mundo. De acordo com Serra (op. cit., p. 777), o apóstolo Paulo faz uso da expressão “nascido de mulher” para enfatizar o abaixamento da humilhação a que se sujeitou o filho de Deus fazendo-se homem, o que condiz com Filipenses 2:8. O que escapa aos teólogos católicos ao referir-se à baixeza do ser humano caído com base nesse trecho de Gálatas, é que a mulher – Maria – está inserida neste contexto. Paulo não alude à necessidade de Cristo em nascer de um seio imaculado, mas o coloca como nascido de uma mulher que está debaixo da Lei. Tanto aqui quanto em todos os trechos que aludem ao nascimento de Jesus, tanto do Novo quanto do Antigo Testamento, não há nenhuma ênfase na maternidade de Maria ou na necessidade da sua imaculada conceição.
            Outros argumentos bíblicos utilizados por Serra para referir-se ao nascimento de Jesus e enfatizar a maternidade divina de Maria, são:

·         Textos que falam do envido do Filho de Deus ao mundo, como: Mateus 1:18-25; Romanos 8;3,4; João 3:16; 1 João 4:9
·         O Espírito Santo que ressuscitou Jesus dos mortos e nos é dado por meio dele para nos tornarmos filhos de Deus (Romanos 1:1-14; 2 Tessalonicenses 2:8; 2 Coríntios 3:17; Gálatas 4:6; Romanos 8:9; Filipenses 1:19).
·         Os textos sobre a encarnação do Verbo em Maria e diversos outros onde há referência à sua maternidade (Lucas 24:25; Marcos 6:3; Mateus 13:55; João 6:42; 9:11).
·         As obras de Cristo que demonstram claramente seu messianismo e sua divindade (Mateus 28:19; Atos 15:14; Hebreus 4:9; 10:30; 1 Pedro 2:10; Tito 2:14).
·         O povo pertence a Jesus (Mateus 1:21; 2:6; 16:18; 28:10,20).
·         A ênfase também recai sobre o poder de Jesus para perdoar e salvar os pecadores (Marcos 2:7; João 10:33; Mateus 1:21; Tito 2:13,14).
·         Jesus é o Deus conosco (Mateus 1:23; 12:6,41,42; 28:20).
·         O autor vê a figura da mãe de Deus na tenda descrita em Êxodo 40:34,35, e na arca da Aliança, em 2 Samuel 6:2-16. Sobre esse simbolismo estudaremos adiante.
·         A saudação de Isabel em Lucas 1:43 – “mãe do meu Senhor” – traz uma conotação mariológica, apontando não apenas para o senhorio de Cristo, o reconhecimento de Isabel da divina semente que Maria carregava. O entendimento da maioria dos escritores marianos cria uma paralelo que se traduz em: Jesus-Senhor – Maria-Senhora; Jesus-Rei – Maria-Rainha.

Embora Maria não seja o centro, como disse Serra, ela é verdadeiramente central no cristianismo católico romano. De certa forma ela está, sim, no centro, uma vez que não se pode separar o Filho da sua mãe; não se pode adorar a Cristo e desprezar Maria. E, de acordo com a teoria de Montfort da escravidão a Maria, somente por meio dela se pode conhecer e servir a Cristo. A maternidade divina de Maria serve ainda a outro propósito: como protótipo da maternidade da Igreja, como escrevem Müller e Sattler (2000, p. 163):

Em forma de pensamento tipológico, a maternidade de Maria pode ser considerada como protótipo da maternidade da Igreja. Também aqui fica preservado o traço cristológico: como uma mãe dá a seu filho a vida preparada por Deus, do mesmo modo a Igreja prepara para os crentes, que no Batismo morrem com Cristo e nele ressuscitam para uma vida incorruptível, o espaço, no qual se deve tornar vivenciável e experimentável uma existência redimida.

            A Igreja do Senhor Jesus tem em Maria o seu protótipo, porque através da sua mãe, Jesus vê nascer os seus filhos. O teólogo buscará na vida de Maria descrita no Novo Testamento os elementos para esse modelo: sua obediência, sua vida de oração, sua meditação na Palavra de Deus, sua humildade, sua abnegação e seu sacrifício.  De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (n. 967), “Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Com isso, ela é ‘membro supereminente e absolutamente único da Igreja’, sendo até a ‘realização exemplar (typus)’ da Igreja” (cf. Lumen Gentium n. 53 e 63). O papel materno de Maria, porém, estende-se para além do antítipo da Igreja. Tendo ela cooperado de forma singular para a redenção por meio da sua predestinação para mãe do Verbo divino e de seu consentimento prestado na Anunciação, Maria tornou-se para a Igreja “mãe na ordem da graça” (LG, n. 61 e 62). Assunta ao céu, continua seu múnus salvítico, granjeando-nos os dons da salvação eterna por sua múltipla intercessão, sendo advogada, auxiliadora, adjutriz e medianeira.
            A tipologia de Maria como modelo da Igreja deveria encontrar seu fundamento na Bíblia, porém, não é o que ocorre. Em primeiro lugar, não existe nenhum texto bíblico que ligue direta ou indiretamente Maria à Igreja no sentido pretendido pela teologia católica. Não existem dados históricos intrabíblicos que assegurem tal teologia. Os dados históricos apresentados para o desenvolvimento desta crença são extra-bíblicos, partindo da Tradição, incluindo os santos Padres, e do Magistério da Igreja. Uma análise léxico-sintática do termo ekklésia no Novo Testamento não demonstrará qualquer ligação com o papel de Maria como tipo da Igreja. É difícil proceder a uma análise contextual, uma vez que a afirmação de que Maria é modelo e mãe da Igreja é totalmente estranha à Bíblia. O texto possível de ser estudado é João 19:25-27. De acordo com a maioria dos estudiosos e autores católicos, esse trecho simboliza a entrega de Maria à Igreja como sua mãe, o que podemos confirmar no comentário da Bíblia de Jerusalém a respeito desses versículos: “O contexto escriturístico (vv. 24.28.36.37) e o caráter singular do apelativo ‘Mulher’ parecem significar que o evangelista vê aqui um ato que transcende a simples piedade filial: a proclamação da maternidade espiritual de Maria, a nova Eva, sobre os fiéis, representados pelo discípulo amado (cf. 15:10-15)”.
            Todos os versículos citados entre parênteses no comentário acima não contêm nada que os ligue à afirmativa de que ali Jesus estaria dando Maria como mãe espiritual da Igreja. Se Maria é a mãe da Igreja, desde o Antigo Testamento e no Novo Testamento deveríamos poder averiguar isto, confrontando textos paralelos e o ensino geral das Escrituras. A partir dali, principalmente, não vemos qualquer alusão de que a Igreja, seja no livro de Atos, nas epístolas ou no livro do Apocalipse, tenha considerado Maria a sua mãe espiritual, modelo a ser seguido ou tipo da Igreja que dá a luz aos santos. Pessoalmente vejo em Maria um modelo para a espiritualidade cristã, acima de tudo a sua obediência a Deus, mas este é outro assunto.
            Se nos é impossível encontrar fundamento bíblico para a maternidade divina de Maria, sua tipologia como modelo da Igreja e a sua maternidade espiritual dos homens, que exegese será necessária para compreendê-la como “mãe espiritual dos anjos”? segundo Roschini (1960, p. 62), é uma verdade admitida por todos os teólogos que, “de algum modo”, Maria é mãe dos anjos, no mesmo sentido em que é mãe dos homens, de modo que sua criação, sua vida de graça e sua glória dependem totalmente de Cristo e de Maria. Roschini apela para a voz da Tradição, citando inúmeros santos, embora todos se refiram a Cristo. Maria, por tabela, tendo em vista a teologia que une indissoluvelmente a mãe do Filho, torna-se, com Cristo, a mãe espiritual de todas as criaturas.  A “voz da razão” (p. 68) de Roschini apela para: 1) a harmonia do plano divino, baseada na Escritura e na Tradição, admitindo que Cristo e Maria mereceram tudo para todos (anjos e homens); 2) a unidade da ordem sobrenatural, admitindo que a graça do primeiro homem inocente e dos anjos deveria ter sido derivada de Cristo e de Maria; 3) as três condições da mediação: estando entre Deus e os anjos; como os anjos é criatura pura, e com Deus, como sua mãe; ela deu a Cristo livremente nossa natureza humana; e foi delegada por Deus para unir, com Cristo, os extremos, Deus e os anjos. Como apoio escriturístico, Roschini limita-se a citar Colossenses 1:13-20, afirmando um primado absoluto e universal de Cristo e “por consequência” de Maria sobre os anjos.

            Sobre a questão da maternidade de Maria referente aos anjos, não devemos nos ater, pois a simples ideia exposta por Roschini por si só já nos serve como refutação. Devemos apenas observar a forma como se desenvolveu a teologia católica romana a respeito da maternidade de Maria e todas as doutrinas e dogmas que nela estão entrelaçados (imaculada conceição, virgindade perpétua, corredenção, etc.). Não há nenhum contexto bíblico que dê suporte a tais assertivas, muito pelo contrário. Qualquer tentativa de tipificar Maria como mãe da Igreja, dos homens e dos anjos só pode firmar-se no argumento da Tradição e do Magistério, além das interpretações fantasiosas, como as de Roschini, em parte rejeitadas pela própria Igreja católica, por extrapolarem o bom senso, mas que permanecem ocultas em diversos concílios, documentos e livros e, ainda de forma mais arraigada, na mariologia popular.


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domingo, 25 de setembro de 2016

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO NA CARTA AOS ROMANOS




Mortos para o pecado e vivos para Deus
Romanos 6:8-14

O cristão é um tipo de ser humano diferente de todos os outros. Ele é um morto-vivo. A sua natureza humana e caída está morta para o pecado (v. 2), crucificada com Cristo na cruz, enquanto vive para Deus através do seu novo nascimento. Muitos no mundo estão mortos-mortos: mortos em seus delitos e pecados e mortos para Deus. Como Cristo morreu pelos nossos pecados, nós também morremos (v. 2,3) e fomos nele batizados como o selo da nossa participação nessa morte e ressurreição, sendo este selo válido somente ao ser ratificado pela fé (Shedd). Quem morreu “está justificado do pecado” (v. 7). Se estamos justificados do pecado, cremos que já não podemos mais viver no pecado ou perder a justificação que nos foi outorgada. Alguns enxergam este fato de um ponto de vista equivocado. Já que estão salvos, seus pecados estão perdoados e seu lugar está garantido no céu, creem que podem viver pecando, confiando no perdão de Deus.
Contra a ideia de que é possível viver pecando para que a Graça seja sempre mais abundante, Paulo apresenta dois resultados decorrentes da nossa união com Cristo: a) a remoção de nossa culpa através do sacrifício de Cristo; b) a eficácia da ressurreição numa vida nova de santidade. A culpa foi removida e não pode ser recolocada sobre o cristão novamente. Mas cabe a nós compreendermos que morremos para o pecado e não devemos continuar pecando só porque não podemos perder a salvação. Se em nosso íntimo cogitamos a possibilidade de continuar em nosso pecado, devemos rever a nossa conversão, se realmente morremos com Cristo e somos novas criaturas (6:4). Certamente não nos transformaremos em pequenos deuses incapazes de pecar, mas ainda teremos que suportar a nossa natureza humana, caída. Mas a graça de Deus em nós e o seu Santo Espírito nos incomodam e nos estimulam a buscar a santidade, a viver de acordo com o nome que ostentamos pela fé: filhos de Deus.

Leitura complementar: 2 Coríntios 5:14; 2 Timóteo 2:11; Colossenses 2:12; Gálatas 6:15; João 5:28,29; 1 Coríntios 15:20-23; Efésios 4:21-24.


O pecado não tem domínio sobre nós
Romanos 6:8-14

Há algum tempo travei um diálogo com uma pessoa na Internet que insistia em dizer aquele que é convertido a Jesus não comente mais pecado. Difícil imaginar um ser humano que não peque, porque somente Jesus é sem pecado. Por outro lado, é fato bíblico que o cristão não deve viver pecando. Uma vez redimidos do pecado e selados com o Espírito Santo, somos estimulados e capacitados a fazer a coisa certa. Paulo ensina que a santidade é uma consequência da nossa união com Cristo. Se morremos com Cristo, devemos viver para Ele: mortos para o pecado e vivos para Deus (v. 11). Temos um corpo mortal, não somente espiritual (v. 12). Neste corpo ainda existe a semente do pecado e cabe a nós, por meio da Graça de Deus, mortificar a carne. De fato, se o pecado tem domínio sobre nós, se não procuramos viver uma vida de santidade, existe a possibilidade de que jamais tenhamos sido salvos.
O salvo entende que o pecado na sua vida deve ser um acidente de percurso e que ele deve abominá-lo. Quem tem prazer no pecado, não está em Cristo. É preciso, porém, fazer a diferença entre o pecado original e a Lei que nos condenavam, e a carne que habita em nós. Dos primeiros fomos justificados por Cristo;do segundo mortificamos dia após dia, pois a carne não se converte (cf. Rm 8:13). Os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Isto não quer dizer que não pecaremos mais, mas que o pecado não pode ter mais domínio sobre nós, pois agora estamos debaixo da maravilhosa Graça do Senhor. Alguns vivem a se martirizar porque não conseguem alcançar um nível de perfeição na medida do Senhor Jesus. Outras creem que podem continuar pecando porque já estão salvas. Ambas estão erradas. Fomos salvos para vivermos em santidade. A santificação é um processo diário operado por Deus. Se nós estamos pecando e isso faz doer o nosso coração, é um sinal de que estamos no caminho certo.

Leitura complementar: 2 Coríntios 5:21; Mateus 4:1; Hebreus 2:18; 4:15; Tiago 1:13; 1 Coríntios 10:12,13; 1 João 2:1-6; 2:15-17; 3:4-6; Romanos 6:16-22.


Somos servos da justiça
Romanos 6:14,18

Uma vez tendo o pecado cancelado por Cristo na cruz, o cristão não pode mais viver sob o seu domínio. Devemos entender aqui o pecado sob duas formas: a) o pecado original que condena o homem e o destitui da glória de Deus, o qual se deu a conhecer pela Lei. Se Cristo veio cumprir a Lei, o pecado não tem mais domínio sobre aquele que crê; b) o pecado da carne. A carne não se converte, ela se mortifica. Para o primeiro, Cristo já pagou a dívida, não é possível mais sermos condenados por causa do pecado originário da Queda, uma vez que, pela Graça, cremos para a salvação. O segundo, que continua a se fazer presente em nós, é mortificado pelo Espírito Santo, mas não pode nos condenar, pois nossa dívida já foi paga. A tentação não condena o cristão, pois já nenhuma condenação há para ele (Rm 8:1). Uma vez que ele se arrepende dos seus pecados, volta a ter comunhão com Deus e é feito servo da justiça.
Essa justiça não provém dos nossos mecanismos de autojustiça, com os quais muitas pessoas tentam se justificar diante de Deus e alcançar o seu favor. Ela parte de uma ação gratuita de Deus que nos imputa uma justiça que não temos nem podemos alcançar por nossos próprios méritos. Se a justiça que alcançamos e da qual somos servos não nos foi dada com base no merecimento, ela também não será tirada por desmerecimento. E se somos filhos da justiça, temos ainda mais certeza de não nos perdermos, pois o Senhor não abandona os seus filhos. Ele rejeita o incrédulo, a criatura que se mantém rebelde, 20mas jamais vira as costas àqueles que são seus. A promessa que Jesus fez aos seus discípulos é que estaria com eles até o final dos séculos. A nós que também cremos e o seguimos, a promessa permanece. Deus não muda, não volta atrás, não rasga a nossa certidão de adoção nem apaga o nosso nome do Livro da vida. A sua justiça é para sempre, não pode ser revogada. Se fosse possível o Senhor nos abandonar, certamente muitas doutrinas bíblicas estariam em cheque-mate.

Leitura complementar: 1 Coríntios 10:13; 2 Pedro 2:9; Josué 1:9; Salmo 117:2; João 14:16,17.


Nenhuma condenação para os que estão em Cristo
Romanos 8:1,2

Imaginemos esta cena: um homem é culpado de vários crimes, julgado e condenado. Seu pai, porém, oferece-se para tomar o seu lugar e pagar por sua dívida para com a sociedade. Então o juiz manda prender o pai do criminoso e sentencia-o à pena de morte. Logo após a execução, porém, o juiz revoga a sentença e, mesmo com o pai tendo sido morto em seu lugar, condena o seu filho. É exatamente isto que Deus “não faz” conosco! Seu Filho pagou o perco pelo nosso resgate, morreu no nosso lugar e nos livrou da condenação. Uma vez que cremos em Jesus Cristo, não estamos mais condenados nem é possível que Deus revogue a sua sentença e nos culpe novamente. O texto de Romanos 8:1 encerra toda a verdade desta epístola e da salvação. Nele compreendemos que existem duas realidades: a Lei, que condena o homem, e Cristo, que o liberta. O texto começa dizendo “Agora, pois...”. O termo grego usado é aqa e significa “portanto, consequentemente”, e é uma inferência tirada daquilo que a precede. Isto é, a consequência de tudo aquilo que Paulo vinha afirmando nos capítulos anteriores é que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
A lei da vida, que é a lei de Cristo, a lei da Graça, nos livrou da Lei do pecado e da morte (v. 2). Aquele julgamento contrário que havia contra nós foi cancelado e a nossa dívida já foi paga. A consequência natural da Graça é o livramento do pecado e a certeza da nossa salvação. Se nenhuma condenação pode haver, como pode o cristão incorrer novamente nesta condenação da qual já foi liberto? Podemos estar certos de que estaremos com o Senhor quando Ele vier em glória levar a sua noiva para as bodas do Cordeiro. Alguns não creem dessa forma e precisamos respeitá-los. Mas crer na salvação eterna nos dá esperança no momento presente, porque sabemos que estamos com o Senhor.

Leitura complementar: Efésios 2:1; João 6:44; Filipenses 1:29; Romanos 2:4; João 10:27-29; Romanos 8:31-39; 1 João 1:9; 2:1,2; Judas 24,25.


Somos habitação do Espírito
Romanos 8:9-11

Certo dia, atendendo ao convite de uma amiga, participei de um culto em uma luxuosa igreja. Ao iniciar a reunião, o pastor gabou-se da suntuosidade do seu auditório, afirmando que na cidade não havia templo mais bonito e confortável do que aquele. Ele talvez desconheça que o templo de Deus somos nós, que um auditório bonito e confortável não garante santidade nem filiação divina. A beleza que Deus quer de nós é a do coração, nós os que somos salvos e selados com o Espírito Santo. A garantia da nossa salvação e ressurreição é a presença do Espírito de Cristo que habita em nós. O cristão é propriedade exclusiva de Jesus Cristo. Embora ainda possa incorrer no risco do pecado, este não tem mais domínio sobre ele, porque o que nele habita é a divina semente (cf. 1 Jo 3:9). A vivificação do nosso corpo mortal é uma promessa de Deus e o propósito da vinda de Cristo. Ele morreu para que tivéssemos vida em seu Nome e os que vão até Ele, de modo algum Ele os lançará fora (Jo 6:37). “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (v. 2).
Em 1 Coríntios 3:16, Paulo indaga aos crentes de Corinto: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. Para o apóstolo Paulo, mesmo os gentios, outrora desprezados por ele como raça inferior e indigna, são chamados de templo de Deus. Por ter o Espírito Santo habitando dentro de si, este novo homem não tem mais nenhum direito sobre si mesmo, mas é Deus quem deve governar a sua vida e as suas atitudes. Os sacrifícios oferecidos pelos judeus, que há muito já haviam perdido o sentido para Deus, foram de vez substituídos pelo sacrifício de Cristo e o sacrifício diário e individual de uma vida santa que glorifique o Senhor. Onde quer que estejamos, seja num prédio feito de madeira com chão de terra ou numa catedral luxuosa, o templo somos nós.

Leitura complementar: Efésios 1:13,14; 4:30; 2 Coríntios1:21,22; 5:5; João 20:31; Isaías 1:10-17; 1 Coríntios 6:19; João 14:16-26; Romanos 14:17; Hebreus 9:14; Atos 2:38.


Somos filhos de Deus
Romanos 8:16,17

Muitos que ainda não fazem parte da família de Deus creem que todos os seres humanos são filhos de Deus. Mas para ser filho de Deus, é necessário passar por um processo de adoção que obedece a uma única regra: fé em Jesus Cristo (Jo 1:12,13). O Espírito Santo testifica que somos filhos de Deus, o que quer dizer que somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. (cf. Ef 1:4). Assim que cremos, fomos selados com o Espírito Santo, o qual é o penhor da nossa herança e a garantia de que seremos resgatados por Deus. Independente de cair ou não em pecado, de desviar-se ou manter-se firme a vida inteira, o cristão estará no céu, pois a presença do Espírito Santo dentro dele lhe dá essa garantia. Isto não abre espaço para que ele viva pecando por já estar seguro da sua salvação. O verdadeiro cristão não permanece no pecado, não sente prazer em pecar (Rm 6:1-4). O simples pensamento de aproveitar-se da segurança da salvação para viver pecando, já é o suficiente para mostrar que tal pessoa nunca foi salva, nunca pertenceu de fato a Deus e que o Espírito Santo não habita nela. 
A salvação não é fruto da nossa justiça, como o apóstolo Paulo afirma: “não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Romanos 3:11,12). A justificação é “unicamente” pela Graça de Deus (Rm 3:24; 5:9). Somos salvos pela justiça de Cristo imputada a nós (cf. 2 Co 5:21; Tito 3:5-7). Aqueles que não creram em Cristo para a salvação, não fazem ainda parte da família divina, não são filhos de Deus, mas criaturas apenas. Além disso, não possuem a salvação, não tem esperança de entrar no céu, mas permanecem sob a ira de Deus (Jo 3:36). Se estamos em Cristo, podemos estar certos de termos um Pai fiel, amoroso, misericordioso, que em breve nos levará de volta ao nosso verdadeiro lar.

Leitura complementar: 1 João 3:1,10; 5:12; Marcos 3:35; Romanos 8:14-17; Gálatas 4:4,5; 2 Coríntios 6:17; Mateus 5:9.


Temos a esperança eterna
Romanos 8:24

Enquanto está no mundo perdido e sem Deus, o homem está desesperado, embora muitos não se deem conta disto nem o admitam por não crerem na existência de Deus e na vida após a morte. Todavia, aqueles que estão em Cristo podem crer e esperar por uma vida eterna além desta vida terrena. Embora não possamos contemplar com os nossos olhos as promessas de Deus para nós, aguardamos o momento em que a vida se manifestará e nos glorificará juntamente com Cristo nos lugares celestiais. Alguns creem que podemos perder a salvação, o que equivale a crer que Deus não pode realizar aquilo que nos prometeu. Mas se de fato cremos em Deus, temos a esperança da vida eterna que Ele nos prometeu. O apóstolo João nos confirma que somos filhos de Deus e ainda o veremos como Ele é e seremos como Ele (1 Jo 3:2). E é esta esperança que desperta em nós o desejo de santidade, de ser como Cristo agora, nesta vida (Tt 2:12-14).
Sem esta esperança na vida eterna não há o desejo ardente de santidade, mas apenas o desânimo de saber que, a qualquer momento, podemos nos perder novamente. A busca por santidade sem a esperança na promessa de Deus transforma-se em ativismo religioso, onde corremos em busca de ser aquilo que não somos, de crescer por nossos próprios esforços. Se a esperança de Deus não está em nós, não é Ele quem opera a santidade, mas a nossa própria capacidade. Juntamente com a fé e o amor, a esperança é aquilo que permanece no cristão (1 Co 13:13). Nesta esperança temos a plena convicção de que já somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. A nossa esperança está além daquilo que os nossos olhos podem ver e a nossa mente pode compreender, porque a nossa pátria está nos céus e a nossa esperança não está limitada às coisas desta vida.

Leitura complementar: 1 Coríntios15:19; Romanos 12:12; 1 Pedro 1:3; Colossenses 1:27; Efésios 4:4; 1 Tessalonicenses 2:16; 1 Timóteo 4:10; Tito 2:13; Hebreus 10:23.


A obra de Cristo é completa
Romanos 8:29,30

O ser humano é um ser inconstante. Ele vive de modismos: hoje ama uma coisa, e amanhã a abandona por outra mais nova, mais na moda. Nem sempre ele consegue levar até o fim os seus sonhos, planos e projetos, mas abandona-os pelo meio do caminho, por se achar incapaz, por comodismo, por falta de recursos ou porque encontrou cosia melhor para fazer e investir, deixando o que começou para trás, inacabado. Assim também são os seus relacionamentos. Parece que cada namoro é um teste em busca do aperfeiçoamento até chegar à pessoa ideal, deixando para trás muitos corações machucados. Os casamentos dificilmente duram até que a morte os separe. As obras das mãos dos homens são tão volúveis quanto o seu coração. Louvado seja Deus, porque com Ele é tudo muito diferente. A sua vontade soberana não fica incompleta nem é abandonada, mas executada cabalmente. Como ensina o apóstolo Paulo aos romanos, a obra de Deus na vida do cristão redimido é completa, definitiva e eficaz: Ele conhece (v. 29) predestina, chama, justifica e glorifica.
A glorificação é o clímax do chamamento cristão, onde seremos como Deus é e o veremos como Ele é (cf. 1 Jo 3:2). Esta é uma promessa que não pode falhar, pois Deus já determinou que fosse assim. Como poderia Deus nos perder? Os seus planos para nós seriam frustrados e essa sequência de bênçãos seria perdida. O texto não afirma que de “todos” os que foram conhecidos, predestinados, chamados e justificados, apenas “alguns” chegariam à eterna glória. Os que Ele de antemão conheceu, com certeza serão glorificados. Uma vez que entramos no barco de Deus para passarmos para o outro lado da margem, nada pode nos fazer naufragar e perecer. É o Senhor quem nos conduz em segurança. Ele nos dá essa certeza e podemos confiar em seus soberanos e maravilhosos planos.

Leitura complementar: Filipenses 1:6-11,27,28; 2:2-16; 3:13-16; 4:8,9 1 Pedro 1:3; 1 João 3:9.


O cristão vence o mundo
Romanos 8:35-39

O cristianismo de hoje vive na era da vitória. Esta é cantada em todos os louvores e faz parte de grande parte das pregações triunfalistas em diversas igrejas. Não está em vista, porém, a vitória de Cristo sobre a morte e o inferno, uma vitória que nos concede, por meio da sua graça, redenção e vida eterna nos céus. É uma vitória material, geralmente financeira. A vitória dessas pessoas que assim pregam e vivem está em viver feliz e satisfeito neste mundo. Mas para a Palavra de Deus, o cristão obtém vitória sobre o mundo. Paulo deixa bem claro aos cristãos de Roma que Deus é por nós e, portanto, nada nem ninguém poderá ser contra nós ou nos separar do seu amor (vs. 31-35). Ele indaga: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?” E afirma: “É Deus quem os justifica” (v. 33). E ainda: “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (v. 34).
Em Cristo, o cristão está definitivamente ligado a Deus e não há nada que possa separá-lo do seu amor, nem mesmo os seus pecados, pois já foram cancelados. Essa vitória talvez não faça mais sentido na vida de cristãos que possuem o seu coração e a sua esperança naquilo que é terreno e passageiro, sem anelar por algo superior guardado nos céus. Para nós que esperamos no Senhor e que fomos chamados segundo o seu propósito, a vitória é certa e nada poderá tirá-la de nós. Não nos importa se andaremos de ônibus ou de carro importado; não nos importa se a nossa casa será na periferia ou de frente para o mar. O que realmente tem importância é que pertencemos a Deus, somos seus filhos e estaremos com Ele nos céus. As ondas do mar da vida podem tentar nos afogar, os grandes precipícios do pecado podem tentar nos destruir, mas o Senhor está conosco e jamais nos abandonará.

Leitura complementar: 1 João 2:15,16; 5:4,5; Romanos 12:3; Hebreus 10:22; 2 Coríntios 4:13.


Quem está em Cristo não é confundido
Romanos 9:31-33

O mundo vive em constante insegurança, por isso colocamos tantas cercas elétricas nos protegendo dos perigos fora dos muros das nossas casas. Na nossa vida espiritual ocorre o mesmo. Afiramos: “sei em quem tenho crido”, mas essa certeza não garante segurança alguma para a vida de alguns. Alguns se confundem porque creem em seu próprio poder para desenvolver a sua santidade e manter-se firme na graça de Deus. Confiam em suas próprias forças porque no fundo não acreditam que Deus é poderoso para mantê-los firmes até o dia do juízo. E mais: acreditam que Deus pode descartá-los facilmente. Os judeus viviam firmes na sua crença em Jeová, mas rejeitaram aquele que o próprio Jeová enviou. A Rocha que os judeus rejeitaram e nela tropeçaram, mantém o cristão em pé e ele não pode tropeçar (Jo 11:9). O cristão não está seguro pelos seus méritos, pelo seu excelente grau de santidade alcançado por meio de orações e jejuns, de esmolas e dons espirituais. Os Coríntios, por exemplo, possuíam muitos dons e eram reputados por Paulo como carnais (1 Co 3:2).
O que firma os passos do cristão é o alicerce sobre o qual está edificado: Jesus Cristo. Ele pode pecar, mas os seus pecados já foram expiados; ele pode até se desviar, mas o alicerce continua firme e não pode ser abalado (1 Co 3:10,11). Isto não significa que ele pode viver pecando, porque o seu novo nascimento o estimula a não pecar mais. Quem crê em Cristo não será confundido. Não é preciso insegurança quanto a obra que Deus realizou em nós, sobre o fato de sermos santos, sobre o perdão dos nossos pecados, sobre recompensa eterna nos céus. Deus não mentiu nem se arrependerá. Ele não voltará atrás no seu decreto nem nos rejeitará. Os judeus perderam a bênção, mas aqueles que creem, vão sendo salvos, porque jamais serão confundidos.

Leitura complementar: Salmo 89:20-30; João 10:28,29; Efésios 4:30; Hebreus 13:5; Deuteronômio 29:19.


Os dons de Deus são irrevogáveis
Romanos 11:29

Paulo fala aos romanos que os dons e a vocação de Deus são “irrevogáveis”. Isto é, Deus não se arrepende, não voltará atrás em seus atos de Graça, dos quais o maior de todos é a salvação em Cristo Jesus. As promessas de Deus para o povo de Israel deveriam se cumprir e tiveram o seu termo em Cristo. Deus não voltará atrás. Da mesma forma para conosco, o seu povo escolhido em Cristo, Ele não voltará atrás. Deus não revoga a sua aliança, o seu perdão, a sua justificação, a redenção, a salvação e a ressurreição. Quem salva é Ele e Ele é poderoso para nos levar seguros para a glória nos céus. Não são os nossos pecados que podem nos separar de Deus, mas a nossa falta de fé: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3:18). Uma leitura sincera da Bíblia mostrará que a única forma de nos excluirmos para sempre da presença de Deus é pela incredulidade. Essa incredulidade não significa duvidar por algum momento que Ele está no controle da nossa vida ou entrar em desespero no momento de uma grande tribulação.
Por vezes Jesus censurou os apóstolos por conta da sua pequena fé, da sua incredulidade, mas isso não os excluiu dos seus planos eternos. A incredulidade que nos afasta de Deus completa e eternamente é a rejeição da sua graça em Cristo, a rebeldia insistente de não crer que Ele existe e que é Soberano. É a incredulidade dos apóstatas, que experimentam o dom de Deus, visitam a igreja e depois de um tempo saem escarnecendo dos crentes, de Deus, de Jesus, da Bíblia, do Espírito Santo. Deus jamais nos abandona, jamais nos deixa de lado. Se cada vez que pecássemos Deus apagasse o nosso nome do Livro da Vida, nunca teríamos nosso nome lá, porque nascemos em pecado e em pecado vivemos. Apenas da graça de Deus dependemos e é ela quem nos conduz à vitória final no céu.

Leitura complementar: Romanos 11:30-32; Lucas 8:13; 1 Timóteo 4:1-13; 3:1-7; 2 Pedro 3:3-7; Apocalipse 13:3,4.


O Senhor é poderoso para nos suster
Romanos 14:4

O Senhor é poderoso para suster o seu servo. Mesmo se cair não ficará prostrado. Quem defende a perda da salvação afirma que o cristão desviado, se morrer desviado, não vai para o céu. Entretanto, a salvação é algo que acontece aqui e se estende à eternidade. Estamos salvos, mas ainda não participamos da ressurreição final para a vida. Deus é poderoso para salvar o cristão aqui e na glória. Se ele vier a morrer estando desviado, a glória de Deus o acompanhará, pois quando creu, foi salvo para a eternidade. O corpo pode morrer, mas a alma vive para Cristo. Como já vimos, aqueles que crêem em Cristo já foram salvos desde a eternidade. A vida eterna não é algo ainda a se revelar, mas é algo já presente. O que ainda se revelará é a vida eterna com Deus nos céus, sem a morte física e sem o pecado para sempre. Parece-nos que alguns têm em mente que, uma vez convertido, o crente não pode pecar. Somente uma vida totalmente isenta de pecado ou até mesmo da capacidade de pecar pode levar o convertido a jamais cair em qualquer tipo de pecado. Isso é impossível e não é bíblico.
O pecado sempre estará presente na nossa carne, tentando-nos. Cabe a nós, pelo poder do Espírito Santo, mortificar a carne e seus feitos. Se por ventura cairmos, o Espírito Santo não nos abandona, mas Ele próprio nos incomoda e nos coloca de pé novamente. A vida cristã é de dependência total e diária de Deus. não são os nossos esforços, o poder da nossa fé, a nossa alta espiritualidade que fortalecem a nossa alma, mas o agir de Deus. Somos apenas vasos nas mãos do Senhor, servos que só são úteis porque são usados por Ele. Ninguém pode nos separar do seu amor nem apagar os seus planos para nós. nenhum pecado que cometemos é maior que a graça que em nós habita. Graças damos a Deus pelo seu maravilhoso poder que nos leva até onde, sozinhos, jamais iríamos.

Leitura complementar: Salmo 37:23,24; 145:14; Provérbios 24:16; Jó 4:4; Miqueias 7:8.


Somos confirmados segundo o Evangelho
Romanos 16:25,26

O cristão é guardado pelo poder de Deus que o confirma segundo o Evangelho de Paulo e a pregação de Jesus Cristo (2 Tm 1:12; Jd 24). Que Evangelho? Que pregação? A própria epístola é a resposta a esta pergunta: o Evangelho da Graça de Deus, onde somos salvos por meio da fé, independente das obras. É a Graça de Deus que nos salva e nos leva firmes para a glória. Se perdêssemos a salvação todas as vezes que pecássemos, estaríamos anulando a cruz de Cristo, pois na cruz ele nos perdoou de todos os nossos pecados, cumpriu a Lei e nos deu salvação em seu Nome (Ef 2:11-16; Cl 1:20; 2:14). O cristão já está confirmado por Cristo diante de Deus, que o confirmará até o fim (1 Co 1:8). Paulo diz que somos confirmados segundo o seu Evangelho e a pregação de Jesus Cristo, “conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos”. Que mistério é este? É o Evangelho da Graça de Deus para a obediência por fé entre todas as nações (v. 26).
O cristão é confirmado na Graça de Deus abundante em Cristo Jesus, independente da Lei e das obras. Se não são as obras ou a Lei que confirmam a nossa salvação, porque haveremos de perdê-la por meio delas? Se já não estamos mais debaixo da Lei e se Cristo já a cumpriu por nós, porque por ela haveria ainda de nos condenar? Em Romanos 1:16, Paulo diz não se envergonhar do Evangelho, porque ele é poder de Deus para salvar aquele que crê. Imaginar que, após sermos salvos pelo Senhor Jesus, poderíamos entrar novamente em condenação, significa questionar o poder que o Evangelho possui de salvar totalmente o pecador. A pregação de Jesus nos garante a vida eterna (Jo 3:36), ela nos promete a ressurreição e a subida com o Senhor aos céus. Se o Senhor nos prometeu, Ele cumprirá.  Não por nossas obras, mas pelo seu sangue vertido na cruz.

Leitura complementar: 1 Coríntios 1:17; 15:1-4; 2 Coríntios 11:4; Efésios 6:15; 1 Tessalonicenses 1:4,5.

MIZAEL XAVIER

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