segunda-feira, 11 de maio de 2015

UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR




- Seu delegado, abra esta cela. Hoje eu vim me entregar.
- Mas o que você fez, rapaz? Sente, comece a falar.
- Sou um ladrão, assassino, criminoso.
- Se é assim algeme o rapaz, pois pode ser que ele seja perigoso.
- Faz bem, doutor delegado, em amarrar estas mãos cruéis. Não mereço viver em liberdade. Sou um descrente no meio dos fiéis.
- Mas pelas suas lágrimas vejo que você está arrependido. Então me conte: o que faz de você um perigoso bandido?
- Como é cruel esta minha sina. Estar entre os viventes é coisa que não mereço.
- Acabe com essa agonia e me conte tudo desde o começo.
- O meu castigo chega tarde. É por causa de uma mulher que a minha alma agora arde.
- Já vi que o negócio é sério! Quem faz mal a uma mulher, chamo logo de covarde. Não honra a calça que veste, é pior do que a peste e se morrer, já vai tarde.
- Espere, doutor delegado, antes de me dar a sentença. Sei que de Deus não mereço nem a virtude da minha nascença.
- Então encurte a história, porque hoje estou sem paciência.
- Já faz mais de ano, doutor delegado, que conheci a minha perdição. Uma mulher tão formosa, que de tão maravilhosa fez tremer meu coração. Achei que nunca na minha vida me apaixonaria daquele jeito. Mas ela não me deixou escolha, arrumou as suas coisas e fez morada no meu peito.
- Nem precisa dizer mais nada. Se eu não entendi mal, está tudo explicado: é crime passional.
- Antes fosse dessa qualidade e que eu fosse o vitimado. Mas no meu crime sou condenado a vagar pela eternidade como cão abandonado.
- Agora não entendi mais nada. Por favor, seja mais direto.
- Tudo bem, doutor delegado, o senhor está certo. Aquilo sim era mulher, dava gosto de olhar. Morena da cor de ébano e seus cabelos eram negros como a noite em que a lua não sai com preguiça de levantar. O seu corpo tão formoso era capaz até de parar o sol e todas as nuvens apenas para lhe admirar. E quando ela falava, ai, eu via o céu. A sua voz era tão suave e mais adocicada do que o mel.
- E que crime você cometeu contra essa tão linda mulher?
- É coisa de fazer o homem estremecer e deixar o cabelo em pé.
- Isso parece mais história de novela mexicana. Homem, fale logo, rápido, desencana!
- Eu e ela nos apaixonamos, o seu nome era Joana. Toda vez que eu perguntava: “Meu amor, você me ama?”, ela dizia assim: “Não precisa perguntar, basta apenas você sentir que em todos os minutos do dia eu não canso de te amar”. Tudo ela fazia por mim, era a minha companheira; mulher de fé e oração; da perfeição, a derradeira. Quando ela me via triste, dizia: “Homem, coragem, insiste”. Era amante e amiga verdadeira.
- Rapaz, como você tem sorte! Daqui até a minha morte eu jamais encontrarei mulher assim. Já fui casado três vezes e em nenhum dos meus casamentos a felicidade sorriu para mim. Mas continue a falar. Estou curioso para ver aonde você vai chegar.
- Quem dera chegasse a algum lugar. A minha vida não tem mais nenhum sentido.
- Prossiga. Ânimo, meu amigo!
- Eu levei Joana para minha casa, lá montamos o nosso ninho. Depois de tanto tempo sozinho agora eu estava feliz. Encontrei uma esposa querida que era muito mais do que eu sempre quis.
- Eu só encontrei problema. Nenhuma valeu à pena.
- Então, seu doutor delegado, Deus tinha me agraciado com uma mulher que era uma glória. Mas enfim chegou o momento mais triste e crucial dessa minha desastrosa história.
- Estou ouvindo, prossiga.
- Vou contar da minha desdita. Nós éramos tão felizes na nossa casinha singela. Eu trabalhava e dava duro, ganhava muito pouco, mas de tudo dava para ela. Nos domingos íamos à igreja assistirmos juntos ao culto. De mãos dadas nos orávamos, a Bíblia estudávamos e da desgraça não tinha nem vulto.
- Você veio me contar um crime, mas até agora só falou de coisas abençoadas. Não me faça perder o meu tempo ou te jogo numa cela escura e imundiçada.
- Não fique com raiva, doutor. Vou agora lhe contar a minha dor. Imagina só o senhor o que foi que me aconteceu. Abandonei a minha fé, deixei de ir à igreja e o mundo me recebeu. Passei a tomar cachaça com uns amigos que são uma desgraça e iam até a minha casa me buscar para eu me perder na mesa de um bar. Comecei a maltratar Joana com palavras e palavrões. Parei de trabalhar e a bebida apertou seus grilhões. Quando dei por mim estava perdido num mar escuro e sombrio, rodeado de tubarões.
- Deixou a mulher de lado para viver bêbado pela rua.
- Essa é a verdade nua e crua.
- Então termine a sua história, camarada.
- Camarada eu não sou, sou apenas uma alma penada.
- Então antes que o juiz aumente a sua pena, desfia todo o rosário, termine logo a novena.
- Eu abandonei, doutor, a mulher que me amava. Um dia cheguei de madrugada em casa e lá ela não estava. Procurei por todo canto, perguntei pela vizinhança, fui na casa dos parentes, mas logo me veio a desconfiança: Joana me abandonou, a minha cachaça não suportou. Perdi a minha esperança.
- Que pena, meu amigo, eu só tenho a lamentar. E posso lhe garantir: não queria estar no seu lugar. Mas ainda não entendi por qual crime você quer se entregar. Disse que era ladrão, assassino e criminoso, mas agora eu só vi um homem amargurado com o coração pesaroso.
- Eu quero ser preso, julgado e condenado pelo crime de não saber amar! Roubei o coração de Joana e os seus sonhos abençoados. Assassinei suas esperanças, mereço ser amaldiçoado! Coloque-me na cela mais escura ou na mais fria sepultura, pois na vida já sou danado!
- Você não me disse seu nome.
- Firmino, vossa excelência.
- Firmino, sinto muito, mas apesar da sua insistência, a prisão não é lugar pra você, bote a mão na consciência.
- E como irei pagar o mal que causei à minha amada, a surra que dei nela, a palavra amaldiçoada? Por favor, prenda-me logo. Minha vida está desgraçada.
- Não preciso lhe prender, pois na prisão você já está, condenado a vagar com um remorso a lhe consumir. Teve a bênção de possuir uma mulher maravilhosa, mas ao invés de dar-lhe rosas, carinhos e orações, deu-lhe indiferença, bofetões e palavras dolorosas.
- Oh, Deus, o que farei agora sozinho, sem Joana no meu caminho, sem minha flor, minha princesa? Ela é o amor da minha vida e para sempre essa ferida vai me consumir, tenho certeza.
- Amigo, se me permite um conselho, esqueça a prisão. Abra o seu coração e volte ao primeiro amor. Se Jesus era teu Senhor e seu casamento ia tão bem, então o melhor que lhe convém é deixar de ser covarde. Ore, peça um milagre, reveja seu proceder. Nenhum caminho é tão torto que Deus não possa consertar, nenhum muro está tão destruído que Deus não possa restaurar, nenhuma vida está tão errada que Deus não possa inverter.
- Está certo, doutor delegado, Terei de volta a minha Joana. Eu sei que ela me ama e haverá de me perdoar. Por onde devo começar?
- Comece primeiro com Deus, refaça o seu caminho. Abandone essa cachaça que só te fez ficar sozinho. Maior que Joana é Deus, é dele que você necessita. Faça isso, Firmino, transforme em bem a sua desdita.
- Obrigado, doutor delegado, vou sair dessa prisão, reconstruir a minha fé, renovar o meu coração. E se for da vontade de Deus a minha Joana vai voltar. Adeus, eu irei agora e tudo vai se acalmar.
- Adeus, meu amigo, Deus te leve na sua graça.
- E com ele fique o Senhor.
- Ah, quando falam de amor eu me derreto todinho. Meu Deus, o que eu não daria para nunca mais viver sozinho.

Mizael Xavier

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4 comentários:

  1. História maravilhosa,cheia de sentimentos.Amei.

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  2. Uma história instigante , que prende o tempo todo a atenção.Parabéns gostei muito e gostei mais ainda ,das lições que ela deixou. Um abraço da jornalista Noeli de Carvalho e Silva.<3

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  3. Deus é amor e o único caminho para a felicidade plena...através Dele,somos capazes de nos amarmos para poder amar outros tantos ao nosso lado.

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