domingo, 14 de abril de 2013

BATISMO DE CRIANÇAS - DOUTRINA E REFUTAÇÃO





ESTE ESTUDO FAZ PARTE DO MEU LIVRO: "CATOLICISMO ROMANO, DOUTRINAS E REFUTAÇÕES", AINDA A PUBLICAR.


Ao tratarmos sobre a salvação pessoal em capítulo anterior, vimos que esta se dá através da fé somente, independente das obras. As obras são conseqüências da fé, pois espera-se de alguém que se converteu ao Evangelho do amor que viva em amor, praticando as obras do amor, frutos do Espírito  Santo. Mas estas obras não podem preceder a fé, isto é, serem feitas com o intuito perverso de o homem justificar-se a si mesmo diante de Deus, esquecendo-se que a obra de Cristo foi única, perfeita, suficiente e eterna. Se julgamos alcançar a salvação mediante nossos próprios méritos, tornamos nula a obra da cruz e fazemos Deus mentiroso.
         Como religião que prega a salvação “comunitária”, a salvação pela observância de dogmas e rituais, pela permanência cega no seio de suas doutrinas, a igreja católica romana costuma batizar os recém-nascidos, o que sempre gerou muitas polêmicas, mesmo entre seus mais ilustres doutores e santos. Equivocam-se completamente ao afirmar que o protestantismo reprova o batismo de crianças e que estas devem, primeiramente, tornar-se adultas para se batizar. Este pensamento é errado, pelo menos para a maioria das igrejas evangélicas. Em geral, prega-se o batismo para crianças, e organizações – como a APEC  - têm um trabalho evangelístico totalmente voltado para elas. O que se pede é que elas cumpram duas exigências bíblicas: arrependimento e fé, independente da idade que tenham.
         Padre Artur Betti (op. cit.), o autor mais citado neste estudo devido ao seu livro que trata sobre as mais diversas doutrinas do catolicismo romano, inicia a sua defesa ao batismo de recém-nascidos de um modo bastante contundente. Em primeiro lugar, expõe alguns textos bíblicos referentes a queda do Homem (Gênesis 2:17; 3:3,5,19,23). Então, tira a conclusão óbvia, de crença universal, de que todos concordamos: não há nenhum justo (Romanos 3:10), porque todos morreram em Adão (1 Coríntios 15:22). Todos pecaram (Romanos 5:12) e destituídos estão da glória de Deus (3:23). E observa:

O salmista, por sua vez, reconhecendo ter sido atingido por essa transgressão, havendo nascido em pecado, declara, inspirado por Deus: “Eis que (eu) nasci na culpa (na iniquidade) e minha mãe concebeu-me em pecado” (Sl 50,7 ou 50,17; Bíblia evangélica, Sl 51:5). (p. 79)

            Apesar destas afirmações e da constatação que “a doutrina do pecado original, nas Escrituras, nos textos do Antigo e do Novo Testamento, é evidente e bem clara” (p. 80), ele se apressa em dizer que, ao nascer, a criança não é culpada do pecado original, mas como pertence a uma família de pessoas decaídas, chega ao mundo privada da glória de Deus, permanecendo assim até o momento em que recebe o sacramento do batismo. Aceitando este argumento poderíamos nos perguntar: Se a criança não nasce culpada do pecado original, em que momento de sua vida ela o contrai, caso não seja batizada ainda pequena? A Palavra de Deus diz que “todos pecaram”, e “todos” inclui as crianças.

Novo nascimento

         Seguindo por sua linha de raciocínio, Pe. Artur Betti fala sobre nascer de novo. Este novo nascimento, para o catolicismo romano, é simbolizado através do batismo das águas: “Cristo instituiu o batismo (Mt28,19) para fazer acontecer nas pessoas de fé a salvação (Mc 16,16), o novo nascimento da água e do espírito (Jo 3,5)” (p. 81). Todavia, este argumento é insuficiente, por pelo menos três motivos:

1º) A palavra empregada no texto vem do grego anõthen, traduzida aqui por “de novo”. Ela, porém, pode bem ser traduzida  por “de cima”, o que mostra o caráter divino da nova criação, ou da nova criatura. Não é uma obra operada por mãos humanas, dogmas ou sacramentos, mas é uma obra exclusiva do Espírito Santo penetrando no interior do coração do crente, transformando seu caráter, seu pensar e seu agir. O divino penetra no humano, formando uma nova criatura em Cristo Jesus (2 Coríntios 5:17).

2º) A mudança total e radical no caráter do crente se manifesta através deste novo nascimento, porque ele agora não anda mais segundo as obras da carne, mas segundo os frutos do Espírito Santo (Romanos 7:18; 8:6-9; 1 Coríntios 15:50). Como esta mudança de caráter se dará em recém-nascidos que ainda não o desenvolveram, que, embora tenham o pecado original, ainda não tem consciência de si mesmas?

3º) Este novo nascimento não é algo mágico que ocorre na vida do ser humano, mas apresenta algumas condições através das quais se poderá alcançá-lo: arrependimento sincero de coração (simbolizado no batismo de João – das águas) e fé (representada pelo seu  próprio batismo no Espírito Santo, o qual traz fé).

         Desta forma, a fé não pode ser transmitida hereditariamente, nem a fé dos pais pode garantir a salvação de seus filhos, como pretende o catolicismo romano. A fé é um processo divino que envolve a parte divina (o Espírito Santo que convence-nos da justiça, do pecado e do juízo, cf. João 16:8) e a parte humana (disposição de arrependimento e fé diante de Deus proporcionados por Ele próprio em sua graça). O que é nascido da carne é carne (João 3:6) e não evolui da carne para o Espírito através de um processo puramente mecânico do qual ele não toma consciência, mas lhe é imposto pelos seus pais e pela igreja. A igreja em si nada impõe. Tudo o que acontece até o momento do batismo parte de uma escolha de Deus, conforme a sua vontade (Efésios 1).
         Este novo nascimento é o passo crucial para a entrada no Reino de Deus, porquanto para isso Jesus veio ao mundo. João 3:15 nos mostra que este novo nascimento é reservado para aqueles que creem em Cristo Jesus. Quem crê tem a vida eterna. Isto é uma condição imposta para a entrada no Reino de Deus. Todavia, embora asseverando que todos estão destituídos da glória de Deus e necessitem do batismo para se regenerarem, Pe. Artur Betti exclui as crianças, como já vimos. Ele vai ainda mais além nesta questão, afirmando que as crianças não necessitam de arrependimento:

Os recém-nascidos não tem de quê se arrepender ou de se penitenciar para receberem o batismo. Não existe aqui obstáculo para o batismo das crianças para o novo nascimento que elas necessitam. Só se cobra contrição, arrependimento, como fez Pedro, de quem deve, dos pecadores, não dos inocentes, que nenhum pecado cometeram, pessoalmente. (p. 85)

            Podemos nos perguntar: O que é um pecado “impessoal”? Ou: Se as crianças precisam se batizar porque nasceram em pecado, porque então elas não precisam de arrependimento? Se todos pecaram, porque elas estão excluídas? Podemos concluir que a doutrina apresentada pelo referido padre é infundada e contraditória, pois se todos pecaram, todos precisam se arrepender. Se as crianças nascem em pecado, por que não necessitariam de arrependimento? Quando a Bíblia nos fala que “todos pecaram” não está querendo dizer que “todos têm cometido pecados”, mas é uma referência ao pecado original. De fato um recém nascido ainda não mentiu, adulterou, pecou contra o Espírito, mas a semente do mal está dentro dele, por mais forte que seja esta expressão. Senão, em que momento de sua vida ele contrai este pecado que se torna necessário o arrependimento?
         Recapitulando, o batismo é uma ordenança do próprio Cristo: batizar-se e batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19). Não é um sacramento que confere salvação ou Graça, mas um ato externo de testemunho diante dos homens de que se está envolvido em um novo nascimento. Para o batismo existem condições: fé e arrependimento (Marcos 16:16). Sem fé não existe arrependimento. Como nos arrepender se não cremos no Deus que nos pede isto? Como desistirmos de nossos pecados para servirmos a Deus se não cremos no pecado original? Concluindo, o batismo não salva. Se fôssemos salvos pelo batismo, a obra de Cristo na cruz teria sido inútil e desnecessária (Efésios 2:8,9).

A fé comunitária

         Como já temos estudado, o catolicismo romano sustenta que a fé dos pais vale também para seus filhos, santificando-os e tornando-os crentes. Através do texto de 1 Coríntios 7:14 afirmam que, quando os pais são crentes, os filhos passam a ser também, conforme indicam na fé do carcereiro. Esta salvação comunitária independeria da conversão do restante das pessoas, bastando que somente uma cresse. Todavia, devemos observar o seguinte com relação ao citado texto:

1.    1 Coríntios 7:14 não ensina que o incrédulo torna-se crente pelo convívio com alguém crente. Se assim fosse, a salvação já não seria pela fé em Cristo Jesus, mas pelo simples conviver com pessoas convertidas, o que seria muito cômodo. Mas o dom de Deus é a vida eterna para todo o que crê (João 3:16; Atos 15:11; 16:31; Romanos 1:16; 10:9; 1 Coríntios 1:21; 1 João 5:1,10, etc.), porque “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6). O que o texto nos ensina, na verdade, é que o incrédulo pode conviver com alguém que crê em Deus, que tenha se convertido a Cristo e tornar-se participante de todas as bênçãos por este recebidas. Mas não temos motivos ou base para crer que estas bênçãos sejam de salvação da alma, visto que no incrédulo não há arrependimento e fé para permitir a operação do Espírito Santo dentro de si, temporal e eternamente. No meio do povo de Israel existiam pessoas que gozavam das bênçãos de Deus e, no entanto, não estavam salvos. Deus não se agradou da maioria deles (10:5). A “salvação comunitária”, ou “hereditária” que o catolicismo romano prega, anula a cruz de Cristo.

2.    É equivocada a teoria de que, em Atos 16:31, esteja a comprovação de que existe a fé comunitária, uma salvação que não é pessoal, mas algo outorgado pela fé de uma única pessoa a um grupo familiar. À pergunta “Senhores, o que devo fazer para que seja salvo?”, feita pelo carcereiro, Paulo respondeu: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”. Esta resposta demonstra, antes de tudo, o ensino nítido de Atos dos apóstolos, a salvação pela fé (cf. 4:12; 10:43; 13:39, etc.). Este ensino era conteúdo sempre presente na pregação de Pedro, suposto primeiro papa da igreja romana (cf. 2:21,42; 10:43, etc.). Uma leitura atenta de Atos 16:30-34 mostrará que o carcereiro levou Paulo para sua casa, onde ele pregou a Palavra de Deus (v.32) e o carcereiro “com todos os seus, manifestavam grande alegria por terem crido em Deus” (v.34, grifo nosso). Isto é, os familiares do carcereiro não foram automaticamente salvos pela fé dele, mas precisaram, também, crer em Deus através da pregação da Palavra. Cumpria-se, então, a profecia de Paulo no v. 31: o carcereiro e “sua casa” foram salvos pela fé na Palavra de Deus, que mostra a Cristo como Messias, Senhor e Salvador.

3.    O batismo para a igreja católica romana é um sacramento. Como sacramento é algo que necessita ser obedecido e praticado ao pé da letra, sem espaço para questionamentos. Quem questiona a validade de um sacramento está indiretamente afirmando que o papa errou. Os sacramentos como os conhecemos hoje foram decretados no Concílio de Florença, em 1439. O Concílio de Trento assim os trata:

843a. Para concluir a salutar doutrina da justificação, que na Sessão anterior foi declarada com o consenso comum dos Padres, achou-se conveniente tratar dos santíssimos sacramentos da Igreja, pelos quais toda a verdadeira justiça ou começa, ou começada aumenta, ou perdida é reparada. Por isso, o sacrossanto Concílio Ecumênico e geral de Trento..., para eliminar os erros e extirpar as heresias a respeito destes santíssimos sacramentos que, embora já tivessem sido condenadas outrora pelos nossos Padres, voltaram novamente à tona em nossos dias, ou também surgidos de há pouco, que muito mal fazem à pureza da Igreja Católica e à salvação das almas — baseando-se na doutrina das Sagradas Escrituras, nas tradições apostólicas e no consenso dos outros Concílios e dos Padres — julgou dever estatuir e decretar os presentes cânones...:

4.    E amaldiçoa aqueles que não crerem no que foi ensinado sobre os sacramentos:

844. Cân. 1. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não foram todos instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que são mais ou menos que sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio; ou que algum destes sete não é verdadeira e propriamente sacramento — seja excomungado.

  1. Além disso:

861. Cân. 5. Se alguém disser que o Batismo é facultativo, isto é, não necessário para a salvação — seja excomungado.

Como país católico que é, o Brasil respeita religiosamente as leis impostas por Roma, o império religioso vigente. O batismo não só faz parte da cultura e da tradição do nosso povo, como também é uma obrigação religiosa que se deve cumprir cegamente, sob risco de tronar-se anátema. Não importa se os padrinhos vão exercer o papel para o qual a igreja os designou. Não importa se a família costume ou não freqüentar a igreja. O que importa é cumprir o mandamento do Vaticano – não o de Cristo, pois aí teriam que crer primeiramente – e tornar-se forçosamente membros de uma instituição religiosa. Depois de serem cumpridas as festividades religiosas referentes ao sacramento do  batismo, é bem provável que, pela grande maioria das pessoas, a igreja seja esquecida. Como então poderá esta família ensinar ao recém-batizado sobre as doutrinas bíblicas? Que tipo de fé lhe passarão? Baseado em que ele sentirá segurança da sua salvação?



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