quinta-feira, 21 de março de 2013

O IGNÓBIL - poesia


Lá vem o ignóbil desfilando pela rua
Montado no cavalo da sua arrogância
Ele acha que o mundo gira em torno dele
E trata as pessoas como se fossem objetos
Peças descartáveis de seus jogos de mentira.

Da sua boca saem palavras impressionáveis
Que adulam os que anseiam por bajulação
Ele vive à sombra das pessoas invejáveis
Usufruindo o seu poder para se firmar
Mas no fundo ele não passa de uma sanguessuga.

Os seus olhos estão fechados para os mais fracos
A sua boca não denuncia a injustiça existente
Os seus ouvidos só ouvem aquilo que lhe agrada
Os seus braços se cruzam diante da ganância
Porque apenas o seu umbigo lhe interessa.

Não importa quantas pessoas estejam ao seu redor
O ignóbil faz barulho para se mostrar
Espalha pelo mundo a sujeira dos seus pulmões
E somente na violência encontra sua razão
Porque não aprendeu a pensar e dialogar.

Seus ideais são forjados pelo lixo que consome
Hedonista, quer apenas esbanjar prazer
Baco é seu deus, Afrodite a sua deusa
Não consegue ver além dos desejos insaciáveis
Tudo e todos formam sua teia de luxúria.

Essa criatura insana progride na sua indecência
Negociando seu caráter, barganhando suas crenças
Ele é o objeto de um eterno leilão
Vendido a quem der mais pela sua vil pessoa
O seu valor é a soma das suas ambições.

Iludido ele brada pelo mundo a sua liberdade
Mas no fundo é um prisioneiro da libertinagem
Preso aos grilhões de uma vida vazia e devotada
Às máscaras que ele cria e que transformam a sua existência
Num espetáculo macabro de pura arrelia.

O ignóbil não tem medo de viver sua passividade
Diante das questões que atordoam o ser humano
Odeia a política como se dela não precisasse
Abomina a cultura como se dela nada absorvesse
Na História ele é um zero, por opção outsider.

Em todos os cantos e recantos da sociedade
O ignóbil encontra aprisco para o seu viver nefasto
Basta olhar para os lados e reconhecer a sua imagem
Na face daqueles que se dizem ser exatos
Mas que carregam a imagem de sepulcros caiados.

Engana os seus iguais com palavras bem pintadas
Manipula os sentimentos e pensamentos incautos
Diverte-se às custas das desilusões alheias
E sente prazer sórdido nas tristezas semeadas
É uma máquina mortífera de desprezo e discórdia.

Contempla-se no espelho, o ignóbil narcisista
“Espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?”
Seu mágico espelho mostra apenas o que ele quer ver
As coisas devem ser sempre do jeito que ele deseja
Um deus egoísta em forma de ser humano.

O seu pior inimigo está dentro dele mesmo
Mas sua vileza o torna amigo de seu inimigo interior
Seus complexos e seus traumas alimentam sua fornalha
Consumindo o que de bom poderia existir
Aniquilando a sobriedade de um viver reflexivo.

Dois pesos e duas medidas compõem sua balança
O seu sucesso é medrado pelo poder que possui
O Ser para ele não é nada comparado ao Ter
O valor das suas riquezas desvaloriza seu interior
Mesmo pobre de dinheiro ele é rico de soberba.

O ignóbil é tão normal quanto a noite e o dia
E está muito distante de ser um animal em extinção
Tem nome, endereço, identidade e família
É um camaleão camuflado e misturado aos demais
É alguém do lado ou dentro de cada um.

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